O MUNDO DE ONTEM E A SOCIEDADE DE HOJE
Livros e edições: o que temos e do que
precisamos
«Je n’ai jamais attribué tant
d’importance à ma personne que j’eusse éprouvé la tentation de raconter à
d’autres les petites histoires de ma vie. Il a fallu
beaucoup d’événements, infiniment plus de catastrophes et d’épreuves qu’il n’en échoit d’ordinaire à une seule génération, avant que je trouve le courage de commencer un livre qui eût mon propre moi pour personnage principal ou, plus exactement, pour centre.»
A obra
de Stefan Zweig tem vindo a ser novamente publicada em Portugal. Há poucos
meses comprei e li de uma assentada (por infeliz coincidência nas algumas horas
que tive que esperar por tratamento no serviço de urgências num hospital
belga...) o livro recentemente editado “Novela
de xadrez” publicada pela editora Assírio & Alvim em outubro de
2013. Fiquei esperançado que seria desta que iria encontrar a reedição de “O Mundo de Ontem”. Grande decepção:
ainda não é desta que o livro – praticamente esgotado – se pode ler em
português. E se há livros que nos fazem falta, em particular nesta época de
turbulência e de transformação que atravessamos!
Stefan
Zweig morreu no Brasil em 23 de Fevereiro de 1942. Triste celebração para daqui
a uns dias, mas talvez grande argumento para a reedição, em especial se tentarmos
“ler” a realidade e a transformação da sociedade que é a nossa com a
experiência que nos foi legada por Stefan Zweig.
beaucoup d’événements, infiniment plus de catastrophes et d’épreuves qu’il n’en échoit d’ordinaire à une seule génération, avant que je trouve le courage de commencer un livre qui eût mon propre moi pour personnage principal ou, plus exactement, pour centre.»
É assim que começa o prefácio de “Le
monde d’hier, souvenirs d’un européen” escrito em 1941 por Stefan
Zweig (título original: “Die
Welt von gestern».
E, mais à frente ainda no prefácio, S. Zweig acrescenta: “Il me paraît de mon devoir de rendre
témoignage de cette vie tendue, dramatique, riche en surprises qui aura été la
nôtre car, je répète, chacun a été témoin de ces prodigieuses transformations,
chacun a été forcé d’être témoin.»
Hoje
mesmo, mexendo e remexendo na estante que quase se verga com o peso do pó sobre
os livros, encontrei o livro que procurava há vários meses em Portugal, na
versão portuguesa, mas que eu desconhecia ter em casa, em versão francesa.
E
porque muito se edita, muitos livros se compram, sem eu ter a certeza de que se
lêem na mesma proporção com que se editam tantos livros, outro caso infeliz de perda
de edição é o do escritor francófono de origem egípcia Gilbert Sinoué que hoje, 18 de Fevereiro, festeja
os seus 67 anos. Depois de alguns dos seus livros terem sido traduzidos para
português e editados em Portugal pela “defunta”
DIFEL, os lusófonos que preferem lê-lo em português em vez do francês vêem-se
privados de acompanhar o que de melhor G. Sinoué tem escrito, em especial nos
últimos dois ou três anos. Está para sair o seu último romance “La nuit de
Maritzburg” (lançamento previsto para final de Março), mas outros romances
deste enorme escritor fazem falta no panorama literário português. Para quando
a decisão das grandes editoras de devolverem aos leitores portugueses um dos
grandes escritores da nossa época? Ficamos à espera!
Bruxelas,
18 de Fevereiro de 2014
Parabéns Gilbert Sinoué.
Félicitations mon cher ami Gilbert!!!
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